segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Dia 2 de outubro

Por mais que existam técnicas de lipoaspiração, botox, raio laser e o escambau, quanto mais o tempo passa, mais percebemos que nossas vidas mudam. E eu acho que saber se comportar perante essas mudanças é o grande desafio da humanidade.

Poucos (ou muitos) sabiam que sexta-feira foi meu 29º aniversário. Durante anos briguei com o tempo por não saber como agir a cada novo ano que eu ganhava. Durante vários anos pensei que já estava velho e hoje acredito que tenho muitas coisas ainda por viver. Mas só consegui observar tais coisas quando alguns fatos aconteceram nos últimos 3,4 anos.

Sou bibliotecário de formação e vivo em constante conflito com isso. Durante 6 anos (sendo que 1 ano em greve das federais) estudei algo que detestei, gostei e me conformei. Era para eu me formar no fim de 2005 e me formei no meio de 2006 por causa de um erro, que até hoje não sei se foi completamente meu. Mas depois desse acontecimento, eu resolvi rever várias coisas e uma delas foi com quem que eu me relacionava. Depois de tanto tempo eu resolvi olhar para as pessoas ao meu redor e descobrir quem realmente me fazia bem e quem me fazia mal.

Foi uma decisão muito difícil para mim porque eram anos de convivência quase que total. Cansei de deixar de ir as festinhas para ir na casa de amigos simplesmente ficar por lá sem fazer nada, pois eles eram simplesmente o meu mundo. Deixei de acompanhar outras pessoas para ficar com eles na estúpida ideia de que a amizade (deles) era tudo nessa vida. Só me lasquei com isso e nesse dia cheguei a conclusão que seria uma excelente me afastar de tais pessoas.

Fiquei distante um tempo, mas eu ainda guardava dentro de mim a esperança de que minha presença era "importante". Parece estranho, mas ficava olhando orkut do pessoal e ficava triste por saber que rolavam as festinhas e os encontros e todo mundo ia, menos este que vos fala, porque não era "lembrado". Existe aquela máxima de que "quem não é visto não é lembrado" e eu concordo com isso. Mas eu sempre achei muito interessante saber que tinha uma outra galera que quase nunca me via e sempre se lembrava de mim. Ou seja, tinha umas outras pessoas realmente querendo minha presença. Depois de um tempo, resolvi "fazer as pazes" com essa galera mesmo sem ter nunca brigado. Aos poucos, quis voltar ao convívio apesar de saber que minhas inseguranças para com eles ainda eram fortes e que ainda demorariam muito a desaparecer. É aquele papo de que "fulano passou em concurso e você não", ou " fulano ganha 10mil reais por mês e você não", e até o clássico "fulano tira nota boa e você não". Apesar de muito menos, isso me acompanha até hoje. Resolvi aceitar que isso é algo que não posso controlar, mas que eles eram boas pessoas. Até fevereiro desse ano.

Nessa época, um amigo mandou um email falando pra eu ir tocar numa festa que ia ter. Eram uns 5 aniversariantes, iriam ter duas bandas e eu tocaria meus sucessos sertanejos entre uma e outra. Cheguei, acabou a primeira banda e fui tocar, mas aí só toquei a primeira música, com o argumento de que não estava empolgando. "Mas pera lá, eu comecei agora!!!, E olha, tem 2 casais dançando, ninguém dançava antes!!!!" Não adiantou muito. Toquei mais uma de "consolaçao" e fui tirado, para dar lugar a uma banda que "empolgava" (e que realmente empolgou, sejamos honestos). Saí completamente arrasado, mas eu sempre faço o exercício de rever o que eu fiz. A única conclusão que eu cheguei era que fazer o que eles tinham feito era desnecessário. Mas NADA, reforçando, NADA me doeu mais do que aconteceu depois.

Cinco dias depois, eu estava na casa da minha tia querida que mora longe quando recebo a notícia que um primo que mora em outra cidade iria chegar, pois viria para um casamento. Resolvi fazer a pergunta que todos fariam: casamento de quem? Tal surpresa foi saber que era o casamento de um amigo e que todos foram chamados, mas adivinha quem ele não chamou? E ai eu pensei novamente onde estava o erro da história. Em mim, que passei um tempo longe, ou, no caso, nele, uma pessoa que eu considerava demais e que, talvez, não me considerava tanto? Constumo responder, pra quem me pergunta, que NADA, nenhuma mulher ou qualquer outra derrota que eu tive, me machucou tanto quanto esse episódio. Eu fiquei decepcionado com ele, mas na verdade eu estava era decepcionado comigo, pois eu me importava com alguém que não se importava tanto. Mais legal era que o tal casamento estava marcado para as 5hs da tarde, e as 3:30hs algumas pessoas me ligaram falando que eu não fui avisado porque ele tinha "esquecido". Interessante, avisa todo mundo, inclusive gente próxima a mim e de outras cidades, mas "esqueceu" este que escreve essas linhas.

Desde então eu não sei da vida deles. Minha presença era tão marcante que tirei todos eles do orkut, do MSN e saí do grupo de emails que a gente tinha, mas ninguém até agora percebeu. Talvez eles percebam agora, pois sei que alguns entram nesse blog. Isso desde fevereiro. Quando chegava o aniversário de alguém, eu pensava que era aniversário de fulando. "Por que você não liga e dá os parabéns?", vocês devem se perguntar. Simples, eu resolvi  que agora só vou fazer as coisas para as pessoas que se lembram de mim, e infelizmente eles quase nunca lembram. E esperei até hoje, 3 dias depois, pra ver se alguém me ligava. Claro, sou ingenuo por achar que eles fariam o que eu faria. Aliás, tenho absoluta certeza que, se alguém dessa galera ler esse texto, vai pensar que eu estou errado, afinal, para eles, eu nunca estive certo. Quem sou eu para pedir atenção, se sou um bibliotecário/pseudo comunista/atleticano no meio de engenheiros e/ou advogados/capitalistas selvagens/torcedores do eixo Rio-SP?

Mas toda vez que eu lembro desses episódios, recordo o que um amigo meu, Ricardo, companheiro de saídas e viagens interestaduais/internacionais, me disse logo depois da hora que eu saí da festinha: "Não liga, seus verdadeiros amigos somos eu, Tio Zé, Igor, e não essa galera que mal sabe que você saiu da festa". Era o mesmo que me disseram de 2002 pra cá, pessoas conhecidas ou não.

Sei lá, a vida tem sempre razão, já dizia Vinícius de Moraes...

5 comentários:

  1. Muito bom!
    Adoro quando cê entra nesse estilo de postagem... Pelo menos eu entendo... Dramas como esse é comum a todos...

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  2. Eu penso q a gente tem q gostar de quem gosta da gente respeitando as diferenças. No mais, viver é se autoconhecer.

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  3. E essa era uma pedra que eu cantava há muitos anos atrás...

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  4. É foda msm vc perceber q se importa demais e os outros não... mas é a vida né marcio...
    conheço pessoas q se importam com vce mto!! =]

    Paula

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  5. Márcio,
    eu li, reli e ainda não consigo pensar em nada pra falar pra vc. Como vc saiu do meu orkut, msn e tudo mais, sei que estou entre seus ditos "falsos" amigos. Eu, que você querendo ou não, sempre dei o ombro quando vc precisou. Sempre tentei te ajudar de uma forma ou outra.

    Fico triste por saber que minha amizade não significa nada pra você. Triste mesmo. Mais triste por não ser um cara bom de datas, nem lembrava que seu aniversário era dia 02. Nestes dias de orkut, onde ele é quem avisa, a gente se acomoda e não exercita mais a memória. é triste eu sei...

    Porém deixo aqui um hiper atrasado parabéns, que infelizmente hoje me dia, pra vc, não significará nada.

    Daniel Narigas

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