segunda-feira, 8 de março de 2010

[MÚSICA] Bem Vindo a Selva

Voltemos um pouco no tempo. Estamos no ano de 1992. Você acaba de ganhar de natal um som estéreo daqueles que até "luzinhas" tinha para abrilhantar o ambiente. Você vasculha os arquivos da sua casa e descobre uma fita escrita com caneta Bic: "Guns N' Roses". Você ouve a tal fita e fica completamente pirado, a ponto de arrumar a fita original de algum jeito e saber que aquelas músicas se chamavam "Welcome To The Jungle, It's So Easy, Nightrain"... Meses depois, chega em seu poder uma fita de vídeo com os melhores momentos do Hollywood Rock/92, um conhecido festival que rolava na época, cuja atração principal era uma banda que tocava direto na recém inagurada MTV Brasil (sim, naqueles tempos a MTV passava clipes e shows). A música se chamava "In a Darkened Room" e levou a loucura milhares de adolescentes naqueles tempos pré internet. Falo isso porque em menos de 2meses, eu assisti 3 bandas que eu escutava quando menino e que jurava não iria ver de novo, muito menos em Brasília. Voltemos então aos dias atuais.

Você leu aquele meu post que falava do show do Metallica (clique aqui para lembrar)? Pois é. O sentimento foi quase o mesmo. Eu digo quase por um motivo simples. Numa turma efestada por metaleiros, ouvir Skid Row e Guns N' Roses era praticamente uma heresia. Me lembro como se fosse ontem de um diálogo que presenciei nos meus 15 anos, quando me preparava para ir a São Paulo assitir ao show do Iron Maiden (na época com Blaze nos vocais), com Skid Row abrindo:

- Vai ser massa esse show do Iron. Pena que vai ter Skid Row de abertura.
- Mas o Marcio disse que Skid Row é legal.
- Mas o Marcio só gosta de porcaria.

Curiosamente, vi alguns desses personagens no show de ontem. Como diria o filósofo, o mundo dá voltas que ninguém entende...

Pra variar, é IMPRESSIONANTE como a falta de organização ainda persiste nos espetáculos em Brasília. Ao chegar na porta do ginásio, dava pra ver NITIDAMENTE que tinha mais gente que espaço. Inventaram essa palhaçada de "Pista VIP/Pista Normal" que até hoje eu não consigo entender. E passar HORAS em pé não é, definitivamente, o jeito mais legal de curtir um show.

Cheguei um pouco antes do show de Sebastian Bach. Às 8:30 rolou o show do "arroz de festa" chamado Khallice, banda brasiliense de "progmetal" (seja lá o que isso for) que abre praticamente todos os shows de bandas grandes no Distrito Federal. O mais interessante é saber que NINGUÉM no ginásio foi avisado desse show. Mas enfim, tocaram, mostraram toda sua habilidade e virtuosismo (que, pra mim, não existe nada de mais chato) e foram embora. Até o próximo show de abertura!

Aí entra o grande Sebastian Bach, famoso por ter sido vocalista do Skid Row e agora segue em carreira-solo. Em um set de uma hora, mais ou menos, desfilou sucessos de sua antiga banda e músicas inéditas. Foi um show dos mais marcantes, já que estavam no meio do set músicas como "Youth Gone Wild", "18 and Life", "I Remember You" e "Monkey Business", todas do auge da sua antiga banda. Ganhou o público, ainda mais quando pedia gritos de "Guns N' Roses" aos presentes.

Então, a ansiedade tomou conta das 13mil pessoas que foram ao Nilson Nelson. Porém, Axl resolveu mostrar suas asinhas e lembrar a todos porque é considerado o último rockstar autêntico que se tem notícia. Demorou exatos 90minutos para entrar no palco, como fazia antigamente. O cansaço já era grande quando os primeiros acordes de "Chinese Democracy" começaram a indicar o início do show. Quando Axl pisou no palco, já era segunda-feira havia 15 minutos.

Seria mais digno para Axl tocar sob seu nome ao invés de usar a alcunha "Guns N' Roses". O som do novo Guns não lembra em nada do velho. Hoje, o som da banda lembra muito mais Nine Inch Nails do que a mistura Rolling Stones/Aerosmith que sacudiu o mundo 25 anos atrás. Slash, talvez o maior guitarrista da década de 90, faz tanta falta ao grupo que o chefe recrutou 3 guitarristas-solo para substituí-lo. Um deles, inclusive, usava um instrumento extremamente interessante: uma guitarra de 2 braços, sendo um braço normal e outro fretless (sem trastes). Isso é comum com baixos, mas guitarras, é a primeira vez que vi. Destaque também para a completa incompetência dos técnicos de som que foram incapazes de conseguir colocar a voz de Axl num nível escutável. Só quando ele dava seus tradicionais gritinhos que era possível escutar alguma coisa. A banda tocou praticamente todo o primeiro disco "Appetite for Destruction", boa parte do último "Chinese Democracy", além das baladas clássicas "Patience" e  "November Rain", e os covers "Live and Let Die" e "Knocking on The Heaven's Door", essa música, para mim, o ponto alto do show.

Depois de encerrar com "Paradise City", Axl pediu desculpas pelo atrasos aos "garotos que tem que ir a escola amanhã". Eu, que não estou fazendo nada pela manhã, até desculpei, mas o garoto do meu lado definiu bem: "É, amanhã eu vou chegar as 7:15 pra aula e ele vai dormir até meio-dia". 90% do Ginásio saiu correndo porque hoje era dia de trabalho. E todos saíram com aquela sensação de que faltava algo na banda (ouso dizer que esse "algo" que faltava se chama Slash). Um bom show, mas nada mais. Talvez se fosse "Axl Rose e Banda", as cobranças seriam menores...

2 comentários:

  1. Até concordo com a falta do slash, com o problema do atraso, do som e até das brigas (coisa que normalmente não tem em show de rock)mas talvez pela magia da coisa, de ter o Axl gritando na minha frente as músicas da minha adolescência, o show foi - pra mim - bem mais que bom e nada mais. Foi top!
    Ju

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  2. guns sem slash não é guns neh véi... esse gordim safado é muito ganancioso... veio aqui tomar o dinheiro de vcs!
    organização de eventos é historicamente podre! cambistas vendendo ingressos a 400 conto? vsf!
    por isso gostava dos bons e velhos shows no garagem da 913 sul hehehe
    abrah

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