domingo, 10 de janeiro de 2010

[LITERATURA] O Filho da Revolução

Todos conhecem a obra de Renato Russo, tanto em carreira solo quanto a frente da Legião Urbana. Um dos principais artistas (senão o principal) da conhecida geração dos anos 80, Renato morreu em decorrência da AIDS em 1996, deixando órfãos milhões de jovens que ouviam suas canções (inclusive este que vos escreve). Mesmo nos deixando há 13 anos, sua obra continua atual e muito bem conhecida. Seus sucessos ainda tocam nas rádios e jovens de 13 anos, que nasceram no mesmo ano que ele morreu, ainda vestem uma camiseta da banda e escutam seus sucessos.

O livro, publicado em 2009, mostra basicamente a vida de Renato desde seu nascimento até o fatídico show da Legião no Mané Garricha (em breve Estádio Nacional de Brasília). Nesse show, aconteceram pancadarias, prisões, feridos, enfim, tudo que os ultra conservadores queriam para condenar a juventude e o rock and roll a queimar no mármore do inferno. Porém, o texto mostra, além da vida do artista, a história desta capital que nós, brasiliense, amamos odiar.

Fazendo um paralelo, Carlos Marcelo mostra Renato crescendo junto com Brasília. Curiosamente, os dois nasceram no mesmo ano (1960), passaram por períodos difíceis na adolescência (a ditadura militar durante a década de 70 na capital e a doença de Renato, a epifisiólise, que o deixou em uma cadeira de rodas por alguns meses) e tentaram sair do marasmo que se encontravam na música e nas artes. Brasília viu o surgimento de bandas, artistas e poetas que cantavam sua visão da capital construída no meio do nada. Renato entrou de cabeça nos livros e discos, sendo considerado um gênio tanto por seus amigos próximos quanto por milhões de anônimos que escutaram suas canções.

Vale também destacar fatos que nos fazem entender a Brasília daqueles tempos. A Roconha, famosa festa que virou letra em "Faroeste Caboclo", estava em sua segunda edição quando a PM chegou para acabar com a festa e levar todo mundo  em cana. Depois de todo mundo preso, o senhor delegado avisa pra quem quiser ouvir: "Quem é filho de militar?" Aqueles que se apresentam escutam aquilo que queriam deste o começo: "TÁ TODO MUNDO LIBERADO!" Pois é, depois tentem me convencer que os militares queriam a "democracia".

O livro chega praticamente ao seu final quando a Legião sai de Brasília depois daquele show em 1988 em que era pra ser a celebração do sucesso da banda, mas se transformou naquilo que Renato tinha mais medo: uma versão brasileira para aquele filme dos Stones, "Gimme Shelter".

Para quem quer entender o que acontecia no país, e principalmente em Brasília, durante aqueles anos de chumbo, "Renato Russo, o Filho da Revolução" é uma excelente pedida . Afinal, desde aquele tempo o Brasil era chamado de "país do futuro." Mas mesmo depois de tantos anos, parece que o futuro ainda não chegou.

(imagens retiradas do site da Revista Veja)

Um comentário:

  1. vou botar na minha lista! mas já to com uma fila de livros aqui... o próximo vai ser o do led...

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