sábado, 18 de abril de 2009

Adeus ano velho...

Hoje, uma sensação que sempre me acompanhou durante minha parca existência voltou a se manifestar: a nostalgia.

Tive essa sensação durante essa semana inteira porque a VH1 passou uma série de clipes de bandas que só tiveram um sucesso em suas carreiras (as famosas "one hit wonders"). A nostalgia bateu porque quase todas essas bandas vinham dos anos 90. Sabe-se lá porque, eu acabei me "transportando" de volta àquela época e, sabe-se lá porque de novo, bateu um pouco de saudade.

Queria enumerar alguns dos muitos acontecimentos dessa década. Lembro até hoje como fiquei sabendo da morte de Kurt Cobain. Antigamente, o "casal jornalismo" era Eliakin Araújo e Leila Cordeiro (alguém sabe o que aconteceu com eles?) e eles apresentavam o Jornal do SBT no fim de noite. A manchete era algo como: "polícia encontra guitarrista da maior banda de rock da atualidade morto em sua casa." Na hora eu pensei que fosse o Slash, porque na época a grande banda de rock era o Guns N' Roses, não o Nirvana né? O impeachment do Collor, que fui pra Esplanada dos Ministérios aqui em Brasília junto com minha mãe e meus irmãos. Governo FHC, a Reunificação da Alemanha, a queda da União Soviética, com meu pai escutando rádio para entender o que estava acontecendo. Palavras como "internet", "globalização", "neoliberalismo" passaram a fazer parte de nosso vocabulário. Entre um milhão de outras coisas.

Hoje já tenho 28 anos. Tem um bom tempo já que eu simplesmente olho pra frente, tento não me prender a coisas que aconteceram no dia de ontem, quanto mais quando era garoto. Mas, ao ver aqueles clipes, aquelas imagens tão características da época, me trouxe de volta um pouco do "Senhor Simples Capital" daqueles anos 90.

Para mim, a década não começou em 1990, mas em 1992. Marco esse ano porque foi nele que eu me interessei por música de verdade. Passava horas gravando arcaicas fitas cassetes no meu microsystem com sistema surrond. Tenho claramente gravada na minha mente a hora que eu escutei pela primeira vez as minhas bandas favoritas. No escuro do meu quarto, pus a fita do Guns, Appetitte for Destruction, que estava no começo do lado B, então a primeira música não era Welcome to The Jungle, mas My Michelle. Aquela fita arrebentou de tanto que eu escutei, até que um dia eu encontrei outra fita que começava com a introdução de flautas simuladas num teclado Mellotron que Paul McCartney fez para Strawberry Fields Forever, dos Beatles. Era o "Albúm Azul."Até hoje, eu juro, ATÉ HOJE, eu me arrepio quando escuto essa música. Parece que aquele impacto que tive aos 12 anos não acabou, e por milésimos de segundo volto a ter 12 anos novamente.

Eu não saía a noite nos fins de semana, que eram reservados para assistir o sensacional seriado "Anos Incríveis", que passava na Cultura às sextas-feiras. As novelas eram Quatro por Quatro, Perigosas Peruas, Olho por Olho. A gente comprava algumas das trilhas dessas novelas para tocar nas "festas americanas" que aconteciam sempre. Ainda se dançava "música lenta" com as meninas, e tinha toda uma inocência/timidez na hora de chamar a menina que hoje, COM A MAIS ABSOLUTA CERTEZA, não existe mais. Muitas vezes nessa hora a gente percebia que as meninas queriam somente dançar, e nada mais. E nessas vezes a gente queria algo mais. É, a gente não era tão legal quanto imaginava.

Depois que a "música lenta" perdeu a graça, ir paras boates era o que havia de melhor. Mas aguentar aquele bate-estaca de Snap, C&C Music Factory e Techotronic na cabeça só era possível com algum "aditivo", e ai a gente descobriu também a cerveja, vodca, cuba-libre e a ressaca. Descobre também que ficar bêbado pode te deixar feliz, alegre e sociável, mas pode te deixar triste, agressivo e chorão também.

Também descobri que poderia gostar tanto de alguém que queria que essa pessoa ficasse comigo pra sempre. E logo depois descobri que Renato Russo estava certo ao dizer que o "pra sempre sempre acaba". E que essa pessoa tão amada na verdade amava aquele seu amigo mais bonito. E que por mais que você dissesse "eu te amo" com toda certeza disso, essas palavras pra ela seriam simplesmente palavras, e que essas mesmas palavras se tornariam também chateação. E que hoje você é simplesmente uma lembrança muito longinqua na história dessa pessoa. Que a expressão "amigos amigos mulheres à parte" é extremamente verdadeira. E quem você mais confiava sempre dava um jeito de te dar uma rasteira bem dada (confesso para todo o mundo que sempre me achei o mais feio e o mais burro entre meus amigos, e pior, eu estava certo, hehehehe).

Que seu futuro seria brilhante como médico, advogado, engenheiro, mas você queria na verdade era tocar guitarra às 3 da manhã deixando a vizinhança de cabelo em pé. Você queria era mudar o mundo mas se acostumou a ele, e agora é exatamente tudo aquilo que sempre detestou. E tudo isso pra mostrar que, na verdade, você é um rebelde sem causa.

Na verdade, acho o que mais eu sinto falta hoje daquela época não são meus amigos, escolas, festas. Sinto falta de mim mesmo, daquela pessoa que tinha esperança de que as coisas melhorariam mesmo com tudo e todos sendo contra. Sinto falta da pessoa que eu já fui e que não sou mais por diversos motivos.

Tudo isso pra olhar pra trás, sentir saudade, lembrar de todas as pessoas que, por bem ou mal escolheram você para compartilhar suas vidas mesmo te esquecendo dos momentos importantes como casamentos ou nascimento dos filhos, e você não retirar uma vírgula do que aconteceu. Faria tudo de novo. Choraria pelos mesmos motivos e sorriria pelas mesmas bobagens. Conheceria as mesmas pessoas e daria os mesmos abraços e se levantaria das mesmas rasteiras. Viajaria aos mesmos lugares e perdoaria os mesmos erros. Tudo de novo, outra vez.

E tudo isso, para mim, aconteceu nos anos 90...

Paz, até a próxima...

PS: Na foto, a parede do meu quarto nos anos 90... :)

4 comentários:

  1. muito legal o post cara! apesar de Nirvana ter sido maior do que o guns, o glam rock foi abolido depois do grunge! To ouvindo um pouco de motley crue, apesar de glam é legal! hehehe Cara acho q esse sentimento é comum nas pessoas de seus quase 30 anos né! Muitas vezes me pego com saudade de mim naquela época... um rebelde sem causa... agora a gente tá na fase zumbi, indo junto com a maré pra ver o q vai rolar! mas uma hora nego tem q acordar...

    ResponderExcluir
  2. falou tudo meu bródi. belo post.
    Fred

    ResponderExcluir
  3. algumas vezes a esperança fica difícil de acontecer. o mundo é, realmente, tão complicado, segundo nosso maior ícone do rock, renato russo.

    mas o importante mesmo é saber que isso tudo o que vc disse, aconteceu comigo, com vc e com todo mundo. é a história de quem um dia iria dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração.

    a menina mais bonita, também era a mais rica e me fazia de escravo, pro seu bel prazer...

    é velho... nada é fácil... mas o bom da vida é isso: sentir, viver, lembrar e deixar transparecer...

    bom post. faça isso mais vezes...

    daqui de longe, eu ainda te vejo.

    fica bem.

    do brother.

    protógenes!! hehehehe

    ResponderExcluir
  4. Muito legal o post!
    Como dizia Tim Maia, "Nada do que foi será de novo de um jeito que já foi um dia..." E Graças a Deus! Evoluimos, rimos, choramos... Fizemos muitaaaaaa merda! A adolescencia é foda para toda mundo. Mas, como tudo na vida, ela passa. Ficam lembranças. Boas. Ruins. Mas, ficam. E isso que vale a pena ne nao? Olhar e ver que tudo q viveu engradeceu a gente de alguma maneira. Só nao concorda que vc nao tem mais esperanca de mudar o mundo. Vc continua com seus ideais, ideias e maluquices. Como todo mundo! Vc é brilhante! Um dos caras mais inteligentes que conheco, de verdade! Entao, use todo seu potencial. Vá em frente! Vá para a musica, guitarra as 3 da manha... Vc é bom no que faz! Entao, corra atras... E assim, esse post sera tb mais uma lembrança melancolica!
    Beijos, te amamos!
    Flavia e Laura

    ResponderExcluir

Diga pra mim...