domingo, 12 de julho de 2009

O sistema é o problema

Ontem eu vendi meu baixo Corvette Bass Rockbass by Warwick.

Sabe aquela sensação de término de namoro ou separação no casamento? É mais ou menos isso que a gente sente quando nos desfazemos de um instrumento que gostamos. Como já disse em outro post, eu possuo alguns instrumentos em casa e cada um deles tem suas peculiaridades, e como dono, eu sei cada uma deles.

Contando um pouco da história do Warwick, comprei usado numa loja em São Paulo, na famosa rua Teodoro Sampaio. Na mesma loja, tinha um baixo Rickenbacker, igual ao do Paul McCartney, que valia 7 mil reais. Era aquele famoso baixo 4003 que Paul usou durante a fase psicodélica dos Beatles e em boa parte de sua carreira-solo. Quando eu olhei pra ele, na hora pensei que ele seria o próximo.

Comprei esse baixo em 6 vezes no cartão de crédito. Geralmente não faço compras no cartão, mas a época era propícia. Depois de sair da Vinils, finalmente me via numa banda em que eu me sentia parte daquela engrenagem. A Lastro era uma banda de caras desconhecidos que se conheceram e inexplicavelmente tinham afinidades musicais comuns e que, em poucas vezes na minha vida, encontrei algo parecido. Erámos quatro, eu cantava e tocava baixo. Nos primeiros ensaios, percebemos que tinhámos potencial para deslanchar. Eu mostrei uma música pra eles e, surpreendentemente, eles gostaram. Em 3 meses de banda eu tive mais shows que 90% das bandas que eu já tinha tocado.

Mas o interessante mesmo foi a forma como acabou. Tinhamos um show marcado e as músicas não estavam rendendo. Paguei um sapo geral. Interessante observar que geralmente eu sou muito quieto e não faço essas coisas. Talvez por saberem disso que a repercussão tenha sido tão negativa. No dia seguinte, recebi um email de um deles falando que se sentiu ofendido e tudo mais, e por isso estava fora. Detalhe, era um cara que deve ter hoje uns 35 anos, na época tinha uns 32, ou seja, não era uma criança, teoricamente. Depois disso, me reuni com os outros três, tentando resolver a situação. Não deu, e a Lastro virou passado e meu baixo ficou sem uso.

Esses dias encontrei um deles aqui na BCE e ele veio me perguntar porque eu resolvi vender minhas coisas. Quase falei que era por causa de pessoas como ele. Mas enfim, deixemos que ele continue estudando para passar num concurso, casar, ter filhos e gastar o salário na terapia porque não aguenta trabalhar no serviço público.

Depois deles, tive pelo menos mais umas 20 tentativas de voltar a tocar. A Jacu de Botas não conta porque nós só nos reunimos dias antes para tocar em dois eventos, no Forró Utópico em junho e na Confraternização de Natal em dezembro. Todas as bandas eu tive o mesmo problema. Por medo, por causa do trabalho, da namorada, ou por falta de vontade mesmo, a galera sempre dizia que tinha outras prioridades, que música é incerto, todo esse papo. Não discordo, eles tem um pouco de razão (mas a razão é só o que eles tem, como diria HG). Mas eu sempre quis alguém para dividir o sonho, pois nunca me senti seguro o suficiente para que tentasse esse sonho sozinho. Talvez o povo realmente ache que tocar numa banda seja coisa de adolescente. Vá saber...

Aceitar os fatos não é das coisas que eu mais tenha facilidade. Meu baixo é o primeiro passo, tenho uns outros 15 pra dar ainda. Já tentei fazer isso antes e quando alguém falava "não, repense, deixe isso pra lá", eu realmente esquecia e deixava pra lá. Pela primeira vez na minha vida eu escuto essas coisas e não esqueço e volto a tudo como era antes. Minha racionalidade hoje fala pra eu esquecer essa coisa de me destacar naquilo que fazemos de melhor. Sejamos agora parte do bando de burocratas governamentais que estão mais interessados em receber seu salário do mês sem ao menos se perguntar porque estão recebendo aquilo. Mas, como sempre falo, a história me dará razão. Daqui uns anos, vamos ver quantos estão realmente felizes nas condições que se encontram.

Até a próxima...

2 comentários:

  1. Ainda tô na área, garoto! Desistiu do projeto?

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  2. não desista, siga seus sonho e faça uma carreira solo! ou mude a cabeça sobre isso pra poder aceitar melhor... é meio viagem isso...

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